O real na real
Por Juliana Sayuri
De Toyohashi (Japão)
(Para Gama Revista – 17/1/2021)
Real é um barão em baixa. Ao longo de 2020, foi a moeda que mais desvalorizou entre as 30 mais negociadas do mundo, segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV). Na primeira sexta-feira de 2021, levou outro tombo e registrou a pior performance nos primeiros pregões pós-Réveillon desde 2003, conforme reportou a agência Reuters – nessa montanha-russa do mercado (o dólar subindo 0,31%; o real caindo 4,16%), passando a régua no dia 8 de janeiro, US$ 1 à vista valia R$ 5,4168.
Se o desempenho deixou a desejar entre economistas e investidores, para os outros não é muito diferente: cifras à parte, o real desvalorizado dói no bolso do brasileiro do café ao filé, do aluguel de uma quitinete a uma viagem à Disney. Em outras palavras, a desvalorização não é abstrata. Atinge o lado mais real do dinheiro, esse verbete cifrado que na língua portuguesa conta como sinônimos expressões tão singulares quanto bufunfa, bozoliros, grana, golpinhos, pila, tostões, vinténs e faz-me-rir. Na prática, a desvalorização quer dizer que nosso dindin não está valendo muito na fila do pão. […]

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