O publisher pirata
Por Juliana Sayuri
De São Paulo
(Para Folha de S.Paulo – 23/8/2019)
Resumo
Quem é o jovem ativista e editor que levou Glenn Greenwald a bordo de uma lancha para debate na Flip e e que articula diversas iniciativas independentes de esquerdano mercado editorial.
Às 18h46 do dia 12 de julho, um carro encostou no cais pesqueiro de Paraty (RJ). Dali desceu o jornalista americano Glenn Greenwald, escoltado por dois seguranças, companhia constante desde que o site The Intercept Brasil iniciou a publicação da série de reportagens da Vaza Jato. Como se noticiou, Greenwald foi levado de lancha até o barco da Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes), uma agenda paralela da Flip.
Cruzar o rio Perequê-Açu foi a alternativa encontrada para conduzir o jornalista ao barco pirata sem precisar passar pelo centro histórico de Paraty, onde manifestantes “Je Suis Sergio Moro” esperavam recebê-lo a rojões e protestos. Nos bastidores, quem articulou a operação foi Cauê Seignemartin Ameni, 31, um dos organizadores da Flipei.
Dias antes, convidados como Marcelo Freixo e outros deputados cancelaram participação na festa pirata devido à votação da reforma da Previdência, em Brasília. Mas perder Greenwald afundaria o barco.
“Um dos seguranças me ligou, preocupado com uns protestos bolsonaristas, divulgados via WhatsApp. Estava prestes a cancelar a participação do Glenn. Liguei pra um, liguei pra outro organizador e aí retornei com o esquema: ‘ó, a gente pega vocês, deixa as coisas no hotel, leva vocês para o cais lá longe, Glenn sobe num barquinho do tipo tal por causa da maré baixa, depois sobe no barcão, faz a palestra, volta, vai pro hotel, dorme e sete horas da manhã vai embora’”, lembra Cauê, gesticulando bastante para ilustrar os vaivéns.
“Já fez história: em 17 edições da Flip, é a primeira vez que uma atividade paralela atraiu mais público do que a programação oficial. Uma atividade alvo de um ataque de rojões por uma hora”, diz. […]
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