Uma vez nômade, sempre nômade
Convidado da Flip 2019, o escritor angolano e membro da banda Buraka Som Sistema Kalaf Epalanga fala sobre identidade, imigração e seu novo livro
Por Juliana Sayuri
De São Paulo
(Para Revista Trip – 8/7/2019)
Engana-se quem pensa que todo escritor se agarra a palavras preferidas. Para Kalaf Epalanga Alfredo Ângelo, o que importa é transmitir uma ideia certeira da forma mais simples possível. “Não me apego a palavras”, diz o autor angolano, convidado da 17ª Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece entre 10 e 14 de julho. Radicado na Europa, Epalanga costuma escrever livre e longamente – mas depois volta às páginas para lapidar o texto, linha a linha, eliminando tudo o que julgar dispensável. Resta, assim, o essencial.
Nas palavras que o escritor escolhe preservar, pode apostar que há um porquê. A começar pelo próprio nome: “epalanga” era o conselheiro real que, na ausência do monarca, tomava as rédeas de antigos reinos no sul de Angola – um tipo de vice-rei. Era este o apelido de seu avô, Faustino Alfredo, um ex-estudante de teologia que virou militante marxista e aderiu ao Movimento Popular de Libertação de Angola. Assim, Epalanga busca honrar sua memória. […]

FOTO: DIV.
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