Elas respondem por 85% dos afazeres da casa. Se fossem pagas por esse trabalho, produziriam o equivalente a 11% do PIB, revela estudo da UFMG
Por Juliana Sayuri
De Florianópolis
(Para Revista Tpm – 10/9/2018)
Cozinhar para a família, lavar louça, lavar roupa, arrumar a casa toda, fazer a feira e o mercado do mês, pagar os boletos, levar no colégio, no futebol, no hospital, tirar o lixo, trocar a luz, cuidar das crianças, dos avós, do cachorro, da horta, de tudo. A labuta faz lembrar os versos de Cotidiano, de Chico Buarque: “Todo dia ela faz tudo sempre igual…”
A música é da década de 1970. Mas o cotidiano de cuidar do lar, essencial para manter uma casa de pé, ainda é uma responsabilidade rotineira que recai principalmente sobre os ombros da mulher – vide a recente hashtag #porramaridos, que reuniu queixas diversas de mulheres sobre a ausência de seus companheiros na dinâmica domiciliar: da preguiça de uns para lavar uma simples tigela à absoluta incompreensão de outros sobre o funcionamento da residência ao seu redor (por exemplo, jogar a roupa na máquina, mas não ligá-la pois a companheira “não pediu” ou “não avisou”…)

FOTO: ARQUIVO PESSOAL
As mulheres respondem por 85% dos afazeres domésticos, com dedicação diária de até 6 horas, enquanto a participação dos homens chega a 60 minutos. Se fossem remuneradas pelo trabalho feito dentro da própria casa (equivalente ao rendimento médio de uma empregada doméstica com carteira assinada), as mulheres responderiam por quase 11% do PIB nacional, indica o estudo da demógrafa Jordana Cristina de Jesus, 27, autora da tese Trabalho doméstico não remunerado no Brasil: uma análise de produção, consumo e transferência, defendida recentemente no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). […]
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Categories: jornalismo
Tagged as: 2018, brasil, demografia, dinheiro, doméstica, economia, editora trip, estudo, estudo demográfico, feminino, feminismo, jordana cristina, juliana sayuri, revista tpm, tese, tpm, trabalho, trabalho doméstico, trip, ufmg