“Todo humor é inteligente, ou não é humor”, diz Ruy Castro
Por Juliana Sayuri
De São Paulo
(Para Folha de S.Paulo – 20/3/2011)
Na terça-feira (22), o jornalista Ruy Castro participa do primeiro encontro da série “Humor & Companhia: O Humor na Mídia e Nas Artes”, às 19h30, no Centro Cultural Banco do Brasil, no centro de São Paulo. Ao lado da atriz Denise Fraga e do cartunista Paulo Caruso, ele discute o tema “Humor Brasileiro: Mínimas e Máximas”.
Escritor e colunista da Folha, Castro é considerado um dos maiores biógrafos brasileiros da atualidade. “O Anjo Pornográfico” (1992), “Estrela Solitária” (1995), “Ela É Carioca” (1999) e “Carmen” (2005) estão entre os títulos de sua autoria.
Além das biografias, o jornalista assina o livro “Mau Humor”, uma antologia de mais de 1.600 citações, selecionadas a partir das coletâneas “O Melhor do Mau Humor” (1989), “O Amor de Mau Humor” (1991) e “O Poder de Mau Humor” (1993).
No encontro, porém, Castro não lerá frases da série “Mau Humor”. “Elas não são minhas, nem muito brasileiras”, diz o escritor, que preferiu escolher um texto do livro “Amestrando Orgasmos – Bípedes, quadrúpedes e outras fixações animais”, que reúne crônicas e contos publicados entre 1997 e 2003, além de histórias inéditas e hilárias. “Eu vou tentar ser sério ao falar de humor – afinal, é o CCBB, não? Sério pra burro”.
sãopaulo – Em uma crítica literária, li que, desde criança, você pedia para sua mãe ler as histórias sobre adultério que Nelson Rodrigues publicava na imprensa. E daí viria a mania de ler jornal à procura de histórias que tivessem sexo, paixões e, principalmente, humor. É verdade? Continua a fazer isso? Por quê?
Ruy Castro – Sempre acreditei que, além de informação, jornal é entretenimento. Eu acho isso como leitor e também como jornalista –tanto que, na hora de escrever, procuro ser atraente para o leitor. E até hoje há boas histórias de sexo, paixões e humor no noticiário.
Você concorda com a ideia popular sobre o humor como parte “essencial” da cultura brasileira? Para você, o Brasil é cômico ou tragicômico?
O Brasil tem uma tradição rica de humor, infelizmente pouco valorizada. Aliás, em toda parte é assim. Se a humanidade se divide entre aqueles que fingem que se levam a sério e os que fingem que não se levam a sério, os primeiros predominam. É uma doença, a turma só respeita o melodrama.
Você acredita na ideia de “humor inteligente”?
Todo humor é inteligente –ou não é humor.
Como será sua participação na série “Humor & Companhia”?
Eu vou ler uma crônica de meu livro “Amestrando Orgasmos” e tentar ser sério ao falar de humor –afinal, é o CCBB, não? Sério pra burro.
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